
Spielberg, mais uma vez, conseguiu.
Tudo o que é blog por aí fala da importância que spielberg dá à família, e como neste filme isso é mais do que óbvio vou passar esse assunto à frente e falar de outros aspectos que me agradaram em War of the Worlds.
Este parece-me ser o filme perfeito para outros realizadores visionarem com atenção e perceberem que tudo o que andavam a fazer estava errado.
1º O desconhecido é bem mais ameaçador do que imagens de destruição violentas e globais. Ou seja, Mais impressionante do que uma nave gigante a destruir com um só raio a Casa Branca (Independence Day) é o desespero de um homem que acorda com aviões despedaçados no seu quintal.
2º Ninguém quer saber as histórias de um homem que sozinho salva o mundo, porque ninguém se pode identificar com ele. Mas alguem que é capaz de deitar fora o seu mundo para que os seus filhos o amem e para os manter a salvo, aí acredito que muita gente se identifique com o que está a ser contado.
3º Chega de romances e de matar um dos amantes. Fazer alguém chorar por uma morte é demasiado fácil. Por outro lado, comover alguém com uma cena em que um pai tem de escolher entre um dos filhos não é para todos. Mas, relembro, estamos a falar de Steven Spilberg.
4º Os aliens se vão aparecer têm de ser credíveis, não se pode correr o risco de fazer um filme sobre extra-terrestres e descredibilizar os seres. M. Night Shyamalan falhou redondamente em Signs quando apresentou os seus aliens. Eu achei-os ridículos e conseguiram destruir a minha opinião sobre o filme, que era bastante positiva. Em War of the Worlds os aliens convencem e faz sentido que eles apareçam (porque para mim Signs era perfeito se nunca tivessem mostrado os extra-terrestres).
5º As explosões com muito barulho e que provocam muitos estragos já não assustam. O aspecto visual é muito importante mas, hoje em dia, já é dificil surpreender. Se querem realmente manter alguém atento e com o coração na boca, a cena na cave do personagem de Tim Robbins é perfeita, talvez a melhor de todo o filme. O silêncio que immpera, As transições de plano, a montagem, tudo se conjuga para uma cena de génio. O pequeno show-off de Spielberg, que se ri com a facilidade com que consegue filmar uma sequência perfeita.
6º e último que já me estou a alongar bastante. Se querem garantir que o filme sai como pretendiam, a escolha de actores é fundamental. Especialmente conhecer os actores com quem se trabalha, saber do que eles são ou não capazes. Quem é que escolhe Ben Affleck para Armageddon e acredita realmente que ele tem potencial? Ou quem é que imagina que o Will Smith de Independence Day é o mesmo de Ali ? Claramente uma falha na direcção de actores. O trabalho do realizador é também esse, saber escolher os actores e direccioná-los no caminho que pretende seguir.
Tom Cruise está melhor do que nunca, desdobra-se em emoções e num filme que se centra maioritariamente na sua personagem consegue prender a atenção, não nos cansa. Dakota Fanning carrega o fardo de ser uma menina prodígio. Alternando o seu personagem com tons cómicos, histéricos, desesperados e perturbadores, a actriz, por instantes, aliena-nos do facto de ter apenas 11 anos, demonstrando um talento para lá da compreensão. Justin Chatwin revela-se uma agradável surpresa estando à altura do elenco que o acompanha. Por último, Tim Robbins tem um dos mais marcantes papéis secundários de que há memória, provando que o seu oscar por Mystic River não só é merecido como já vem com algum atraso.
À luz da magnificência de todo o filme os pontos negativos são pouco relevantes. Ainda assim há que mencionar a curta duração do filme, que podia ter explorado mais detalhadamente algumas situações, especialmente o final. Um desfecho demasiado abrupto, quase "a despachar". Confesso que tive algumas dificuldades a entender o fim, andei a pesquisar outras opiniões para confirmar se realmente era o que tinha percebido. Mais 10 minutos de filme fariam toda a diferença.
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